Escrever sobre o último habitante (do meu coração) ainda dói, mesmo que eu não queira admitir isso para mim mesma. Pensar, a mesma coisa, e eu tento me convencer que esse processo é necessário, mas talvez nem seja. Ou é mesmo.
Hoje me peguei conversando com alguns caras, dois deles eram bacanas, interessantes, tinham um bom papo, mas nenhum deles era ele, tinham a mesma conversa ou me tratavam da mesma forma. O bizarro é que isso é bom. E é libertador!
Não quero voltar a viver o que passou, e tento não me arrepender por certos momentos ou decisões tomadas com a opinião pouco pensada, mas a falta que as pessoas fazem em nossas vidas não dá para explicar. Sinto falta de pequenos detalhes, do bom dia que sempre me aguardava, dos passeios de fim de semana que não davam em nada, e até mesmo das raivas, não que isso seja algo saudável.
A gente se acostuma com o fato da pessoa estar ali, nem que seja só pra ler ou escutar você reclamando sobre algo ruim da vida, mesmo sem compartilhar algo da vida dela com você. A gente se acostuma a catar as migalhas de carinho e tornar isso um hábito, e passa a achar que é normal implorar por carinho e atenção já que a pessoa é tão atarefada e cheia de projetos. A gente se acostuma a não ser mais a mesma pessoa por querer ser alguém melhor pro outro. E isso, definitivamente, não é certo! Mas a gente se acostuma, vai deixando as reclamações de lado, parando de se questionar o por quê da pessoa te tratar com tanta indiferença, iludindo-se com a mudança que nunca vai vir. A gente se acostuma a deixar as pessoas fazerem morada em nós enquanto vivemos tendo como teto as estrelas.
Pobres corações inóspitos, não sabem aproveitar a chance que a vida dá de torna-los habitáveis, quentes e amigáveis. Não os culpo, as vezes só não estão prontos - mesmo que já com idade avançada. Receber o amor é para poucos. Para corajosos.
Ainda me questiono sobre o que tirarei de positivo de toda essa história. Talvez eu precisasse mesmo passar por isso para valorizar mais a minha companhia, ou para ver o quanto posso suportar. Talvez meu dever era só mostrar ao último habitante o quão o coração de uma pessoa pode ser um bom lugar para se viver, ainda que não seja o lugar mais perfeito do mundo. Falhei!
Hoje, conversando com os duendes que moram em minha cabeça, diria que em meio a essa confusão aprendi muito sobre mim, sobre quem eu sou, quais os sentimentos me dominam e o quanto ainda preciso melhorar para ser melhor, dessa vez, para mim. Tento ver as boas novas chegando, e apesar de não estar mais tão focada na procura, quem sabe ela traga um novo amor?